Dia das bruxas? Só se for com a Mortina
A menina-zumbi Mortina vive no Palacete Decrépito e é a protagonista da série que leva seu nome. Mas para entender os livros, é preciso ter certos atributos... Veja quais são
("Olha a onda!" / Texto: Kwame Alexander; Ilustrações: Daniel Miyares)[/caption]
O escritor norte-americano Kwame Alexander, poeta, vencedor de diversos prêmios e autor de mais de 24 livros no topo das listas de best-sellers do jornal The New York Times, parece acreditar no poder transformador da literatura. Envolvido em atividades de educação e formação de professores e mediadores de leitura, viaja o mundo "plantando sementes de amor aos livros", como declara nas informações de seu perfil no site que mantem e que leva seu nome.
Pois é justamente desse amor aos livros e do poder transformador da literatura que trata "Olha a onda!", livro que Alexander assina com o também premiado ilustrador Daniel Miyares, e que conta a história de dois amigos, Cara e Bro. Sapos simpáticos, Cara e Bro tinha ideias bem diferentes sobre o que fazer num dia de sol.
Enquanto Cara queria surfar, Bro estava mais interessado em terminar de ler um livro que havia começado. Mesmo com a negativa de Bro ao convite de Cara, o sapo surfista vai carregando o amigo pelo caminho até a praia e esse, absorvido pela história, mal se dá conta.
E esta é uma jornada incrível para ambos. Bro está lendo nada menos que Moby Dick, um clássico de Herman Melvile que narra a perseguição da célebre baleia branca pelo rancoroso capitão Ahab. Tendo o mar como paisagem em comum, "Olha a onda!" vai transcorrendo ao mesmo tempo em que Cara se surpreende e deleita com a narrativa da saga de Moby Dick e da tripulação do navio Pequod.
Cara que, a princípio, desdenhou do prazer do amigo ("Você prefere ler um livro a ir à praia?", pergunta. "Livro é chato!"), envolve-se com a história que Bro lê, por vezes em voz alta ou deixando escapar exclamações de susto e prazer. Ambas as histórias se entrelaçam e Alexander, com as tintas de Miyares, consegue plantar suas "sementes de amor ao livro" ao mesmo tempo na ficção (em Cara) e na realidade (no leitor real, que, assim como Cara, acompanha tangencialmente as aventuras de Ahab e a grande baleia branca).
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("Olha a onda! / Texto: Kwame Alexander; Ilustrações: Daniel[/caption]
A intertextualidade, as camadas de tempos narrativos diversos, mas entrelaçados, e a costura certeira de ficção, realidade e metaliteratura fazem desse livro um ótimo exemplo de que a complexidade literária e artística é simples, divertida, brincante.
A literatura muda mesmo o mundo de Cara e de Bro, seja porque o trajeto até a praia se desenrola de uma forma nunca experimentada, seja porque o mar onde Cara intencionava surfar continua sendo apenas o mar ali ao lado, mas também, agora, o mar onde habita Moby Dick. A literatura muda mesmo o mundo. Nem que seja pelo instante da leitura.
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