Dia das bruxas? Só se for com a Mortina
A menina-zumbi Mortina vive no Palacete Decrépito e é a protagonista da série que leva seu nome. Mas para entender os livros, é preciso ter certos atributos... Veja quais são
Por Ilan Brenman
Eu nasci numa pequena cidade israelense chamada Kfar Saba, morei lá até os meus seis anos de idade. Dessa época, eu me lembro da liberdade de brincar na rua, de ir para escola com um amigo, sozinhos! Eram apenas dois quarteirões e a minha mãe ficava na sacada do apartamento observando (mãe judia clássica, rs), mas a emoção de andar sem adultos transformava o trajeto numa imensa estrada.

Uma das cenas que eu nunca esqueci na minha vida pré-escolar foi a da tartaruga da escola cavando um buraco no tanque de areia e colocando seus ovos lá dentro. O resto não lembro, ou seja, não tenho ideia se os filhotes vieram à superfície.
Outra lembrança forte dessa época traz um ritual delicioso, literalmente delicioso, da chegada da escola. Assim que deixava meu material no quarto, almoçava com minha irmã e depois pedíamos para o nosso avô, que morava conosco, dinheiro para comprar "krembo". Era um doce de chocolate com marshmallow que até hoje é vendido em Israel.
Em Israel, lá com meus 4 ou 5 anos, estava na escada do prédio que morava, brincando com amigos. De repente, eu caio da escada! Mas eu estava sentado, imóvel, como isso foi possível? Eu tinha acabado de viver uma experiência única (ainda bem) de terremoto! Ele chacoalhou o prédio todo. Lembro que a mãe de um dos meus amigos começou a gritar com ele, mas ele estava conosco e não em casa. Acontece que o tremor fez com que uma jarra se espatifasse no chão e a mãe, que estava no banho, pensou que era culpa do filho. Sempre sobra pra gente, não é?
A chegada ao Brasil foi no final de 1979, quando entrei na escola e tive a sensação de entrar num mundo paralelo e ao avesso. Até aquele momento eu estava aprendendo a ler e escrever em hebraico, que é realizado da direita para a esquerda. Deu um nó na minha cabeça, mas, com muito esforço, choro, imaginação, ajuda dos pais e da escola, dei um “desnó” na cabeça. Claro que de vez em quando eles retornam, mas não ligo, são também por causa deles que produzo as mais divertidas e profundas histórias.
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Ilan Brenman nasceu em Israel, em 1973, mas mora no Brasil desde 1979. Psicólogo formado pela PUC de São Paulo, Mestre e Doutor pela Faculdade de Educação da USP, circula pelo país e exterior ministrando palestras com temáticas educativas e culturais. É autor de mais de 70 livros, diversos deles premiados, e suas publicações já foram traduzidas para: França, Itália, Suécia, Dinamarca, Alemanha, Portugal, Espanha, Polônia, México, Coreia e China. O site oficial do escritor é www.ilan.com.br
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