Em Degola, Monique Malcher encontra a justa medida entre a ternura e a violência para contar a história de Sol, cuja infância numa ocupação de terra em Manaus traz memórias que evidenciam a diferença entre o sofrimento intrínseco à condição humana e aquele erigido no barro da injustiça social.
Em Degola, Monique Malcher encontra a justa medida entre a ternura e a violência para contar a história de Sol, cuja infância numa ocupação de terra em Manaus traz memórias que evidenciam a diferença entre o sofrimento intrínseco à condição humana e aquele erigido no barro da injustiça social.
A Zona Franca de Manaus atraiu para o Amazonas milhares de migrantes em busca de uma vida melhor. Era símbolo do progresso. Sem recursos, a família de Sol, protagonista de Degola, vai morar em uma ocupação. Quando chovia, tudo virava barro, e era com ele que Sol modelava pequenas criaturas que depois esmagava. Era gostoso destruir o que ela mesma havia criado. As galinhas ficavam em redor dela, estranhando a menina, temerosas. Aquele lugar tinha mesmo fama de perigoso. A vida de todos e de tudo - humanos, animais, plantas, solo, água e ar - era violentada.
Já adulta, Sol sabia que precisava desfazer, ao menos em parte, o que dela foi feito quando criança. Aprender a nadar se torna o caminho para essa transformação. Um rito de passagem, que a autora descreve com beleza e originalidade magníficas.
Degola é um delicado exercício de imaginação e de linguagem. A precisão e a incisividade da poesia se combinam com a complexidade narrativa do romance. O resultado é um pequeno milagre da escrita.
"Um mergulho na dor de tudo que é interrompido, de todas as coisas que poderiam vir a ser. Degola é um contato íntimo com a poética impiedosa de Monique Malcher, que escreve um país parte inerme, parte culpado por fatiar suas terras e pessoas. Com essa obra, a literatura brasileira se torna mais autêntica, mais honesta. E muito mais bela." -- Jarid Arraes
"Degola tem a força das cicatrizes, das memórias que insistem em construir a vida ao redor de uma marca na alma. Monique Malcher escreve com a maestria e a voracidade de quem sabe e tem muito para contar, sem acanhamentos." -- Dira Paes