Em As meninas do laranjal, Gabriela Cabezón Cámara amplifica vozes potentes que foram muito tempo silenciadas e se estabelece como uma das expoentes mais originais da literatura latino-americana contemporânea.
Em As meninas do laranjal, Gabriela Cabezón Cámara amplifica vozes potentes que foram muito tempo silenciadas e se estabelece como uma das expoentes mais originais da literatura latino-americana contemporânea.
* Livro vencedor do Prêmio Ciutat de Barcelona e do Prêmio de Literatura Sor Juana Inés de la Cruz.
Gabriela Cabezón Cámara inspira-se na vida de Catalina de Erauso, conhecida como Monja Alferes, para construir a história de As meninas do laranjal. Nascida em 1592, ela se vestiu de homem e lutou na Conquista da América em nome da Espanha, promovendo o extermínio de inúmeros povos originários. A autora recria essa personagem histórica, mas o faz de maneira distinta: Antonio não se mantém fiel aos valores impostos pela Coroa espanhola.
Após desembarcar nas Américas, Antonio se vê em meio a uma confusão que culmina na sua condenação à forca. Quando é poupado da morte e transformado em secretário do capitão da guarda colonial espanhola, ele acredita ter sido agraciado com um milagre da Virgem do Laranjal. Em retribuição, decide resgatar as duas crianças indígenas que estão enjauladas no gabinete oficial e libertá-las em segurança na floresta.
Na floresta, Antonio precisa cuidar de Michi e Mitãkuña. Entre perguntas difíceis que as duas companheiras de viagem insistem em fazer, o homem escreve cartas para a tia, em que rememora seu passado e as decisões que o levaram até ali. Com sensibilidade literária e linguagem poética, Gabriela Cabezón Cámara apresenta uma obra pungente sobre o peso das mudanças, em que discute a relação do homem com a natureza, a causa indígena e a transição de gênero.