Novos livros da Coleção Canoa abraçam leitores da primeiríssima infância e colocam o cuidado em pauta
Quatro novos livros da Coleção Canoa chegam às prateleiras assinados por Bianca Santana e Rodrigo Andrade
Pensar um catálogo de uma editora tem muitas complexidades. Que desafio! Mas é um desafio muito bonito.
A Companhia das Letras, como vocês talvez saibam, hoje tem 4 selos infantojuvenis: Companhia das Letrinhas, Pequena Zahar, Brinque-Book e Escarlate. Durante este ano aqui no nosso Blog Letrinhas, fizemos dezenas de reportagens que abarcaram lançamentos, entrelaçamos com outras maravilhas do catálogo geral e específico, sempre com o olhar para o “chão” da leitura, o encontro do livro com a leitora ou o leitor.
Para entrarmos em clima de comemoração, agradecimento e de renovação, típico destas últimas semanas de dezembro, selecionamos aqui alguns caminhos traçados por estes selos. Mas com inspiração em um trecho de Entre o Passado e o Futuro (Autêntica, 2009), lançado originalmente em 1954, pela filósofa alemã Hanna Arendt que celebra e nos convida a pensar na relação com as infâncias em casa, na escola, entre família, entre as próprias crianças e jovens. Para ela, há algo que pertence à relação entre adultos e crianças de um modo geral, uma vez que o mundo é constantemente renovado mediante o nascimento das pessoas:
“A educação é o ponto em que decidimos se amamos o mundo o bastante para assumirmos a responsabilidade por ele e, com tal gesto, salvá-lo da ruína que seria inevitável não fosse a renovação e a vinda dos novos e dos jovens. A educação é, também, onde decidimos se amamos nossas crianças o bastante para não expulsá-las de nosso mundo e abandoná-las a seus próprios recursos, e tampouco arrancar de suas mãos a oportunidade de empreender alguma coisa nova e imprevista para nós, preparando-as em vez disso com antecedência para a tarefa de renovar um mundo comum”.
Editar, divulgar, escolher, ler, espalhar livros, afinal, são formas consistentes de sonhar uma sociedade com compromisso com o outro e com a esperança. Uma aposta nas crianças e no mundo que amamos!
Para destacar 25 lançamentos deste ano, criamos 5 máximas para a gente pensar e se renovar para 2026!

A diversidade na literatura infantil não é mais nem uma discussão: tem que ter e ponto. Mas Rodrigo Andrade inovou em imaginar um universo em que o próprio grupo de crianças que convive é diverso entre si. E mais: o autor usa de um elemento comum entre os livros para bebês e cria algo novo, situações cotidianas em que os leitores possam aprender sobre formas, números e cores. Tudo isso dentro da Coleção Canoa e sua proposta de livros com custo baixo e alta criatividade.

Quando pegamos um livro novo desta autora alemã vem uma mistura de “ah, eu talvez saiba o que vou encontrar e sei que vou me divertir” com “que será que ela aprontou agora?”. Pronto, basta isso para encarnar na aventura. Nesta última, os animais vão no tradicional ritmo de conto acumulativo atrás de uma bola que quica e bate em algo, quica e mais um bicho corre atrás dela, quica e quando parece que tudo vai acabar é bem quando a brincadeira começa.

O Bibo já é conhecido e amado por muitos pequenos leitores e a autora Silvana Rando tem um lugar cativo no coração deles – até porque, ela é a criadora do fenômeno Gildo (Brinque-Book, 2010). Só que, neste livro, ela anuncia algo diferente: Bibo a cada dia mostra como ele está crescendo. Ele está amando fazer coisas sozinho, como escovar os dentes, tomar café-da-manhã com os adultos e ter uma amiga fiel como a Malu. Mas certas coisas ele ainda não sabe lidar e vê que crescer tem lá seus desafios.

Para um clássico se tornar um clássico será que é preciso tempo? Bem, se for isso, estes livros encantam bebês desde a década de 1960, quando o primeiro desta série foi lançado nos Estados Unidos. Se um clássico vira clássico porque a gente simplesmente não se esquece mais dele, nada como decorar estas três obras que começam com uma turma de ursos e seguem com muitos outros animais. Todos eles estão percebendo algo, exatamente como o leitor que, a cada virada de páginas, é desafiado a espiar o que vem na próxima! Em papel cartonado, cabe nas mãos, na imaginação e na memória do leitor!

Maurice Sendak é um dos grandes nomes do mundo quando o assunto é literatura infantil. Onde Vivem os Monstros (Companhia das Letrinhas, 2023) e Na Cozinha Noturna (Companhia das Letrinhas, 2023) são sucessos em muitas infâncias e sua forma de narrar é respeitada pela crítica também. E quando estamos “satisfeitos”, mais uma produção dele nos surpreende: já imaginou um “Sendak para bebês?”. Pois é o que nos oferece este livros inédito e póstumo, um projeto originalmente feito como uma campanha virou um livro do tipo numerário fascinante que ajuda a contar – e a descontar, sim, rs – de 1 a 10.

Preconceito, intolerância religiosa, racismo: como esse assunto machucou o Brasil no ano de 2025. Parece não haver saídas. Mas a arte e a educação é, ainda bem, espaço de cuidar do outro e esperançar. É aí que cabe bem a narrativa deste autor, já premiado no mundo das HQs e estreando nos livros infantis. Na história, uma menina se prepara para a tradicional festa no terreiro e se surpreende com a demonstração de ódio de uma outra criança que ela sequer conhece. É na herança dos aprendizados afro-brasileiros, no entanto, que ela tem uma tática para virar a história para um outro lado.

Paty Wolff estreia na editora trazendo muita bagagem: sua carreira nas artes visuais e sua sensibilidade para, por exemplo, criar uma história como a deste livro que, como ela certa vez definiu como uma “celebração da resistência imigrante”. Nascida em Rondônia e vivendo na matogrossense Cuiabá, a artista observa as vidas dos muitos imigrantes haitianos e criou uma narrativa em primeira pessoa de uma criança que fala da perspectiva da memória da família em sua terra natal, entre a saudade e o refúgio, entre a poesia e o trabalho ambulante, um abraço esperançoso de mãe.

A criança que narra o dia a dia desta família tem uma mãe com muitos, muitos medos que a impedem de viver várias coisas. Para a narradora, a mãe vive como uma rainha presa numa torre, não quer nem saber do mundo lá fora. Ela, no entanto, tem seus meios de se reconectar, como as leituras, onde ambas vivem aventuras particulares. As autoras peruanas souberam tratar em boa medida as dores da saúde mental, questão que precisa ser conversada em todas as idades.

Como falar sobre uma guerra para crianças? Talvez seja mais importante se perguntar: por que falar de guerra para crianças? Com as duas questões no coração, a artista mineira criou este comovente livro a partir de uma questão altamente sensível: a notícia de que crianças palestinas na Faixa de Gaza estavam escrevendo seus nomes em seus corpos para que, caso o pior acontecesse, elas não perdessem suas identidades, para que ninguém as esquecesse. Em textos e ilustrações inspiradas na cultura árabe, Marilda nos faz pensar que os conflitos que vimos televisionados ao mundo inteiro têm por trás significados, memórias e direitos.

Era uma vez uma mãe que gritou. Mas gritou tanto ou tão alto ou tão inesperadamente que seu filho de despedaçou. E as partes dele foram parar em lugares distantes. O que fazer? Como reverter esta explosão? Na poética da fantasia, a alemã Jutta Bauer nos presenteou com esta obra que nos acolhe nas nossas falhas para nos ensinar que todos ainda estamos aprendendo. A primeira vez que a obra chegou aqui foi em 2008, trazida pela extinta editora Cosac Naify e, por isso, desde 2015 estava fora de catálogo. Dez anos depois a obra voltou pela Letrinhas, meses antes de a autora nos deixar, subitamente, aos 70 anos de idade. Ficou para nós esta forma única que ela tinha de nos emocionar.

De onde vêm as histórias? Márcia Kambeba, autora, pesquisadora, poeta, compositora amazonense conta neste livro que elas podem vir do balançar de uma rede. Uma rede que ela tem em casa, uma rede da fibra do tucum. A força do entrelaçar desta arte se ancora numa história especial: a de Emoa, bela kunhã filha do cacique da aldeia Tuyuka, que recebia muita gente para ouvir suas palavras de sabedoria. Quando ela “ancestralizou”, a mãe sonhou que a filha pedia que se trabalhasse numa rede para deitar e então a “maqueira de tucum” virou tradição, um elo entre o mundo dos humanos e a espiritualidade, e as histórias continuaram a ser ouvidas e narradas, até hoje, como esta que Márcia compartilhou com a paraense Michelle e fez brotar estas lindas imagens do Norte do Brasil.

Este livro é pura semeadura: de amor, de tradição, de memória, de uma infância boa de conhecer. As baianas Ana Fátima e Faw nos levam ao interior da Bahia para contar sobre um sítio que a gente quer, de fato, morar. Desde a porteia ao abraço de vovô Dândi, é com pezinho descalço que essa menina narradora sente tudo nos detalhes. Primeiro, colher o mel das colmeias das abelhas que vovô cria; depois investigar os caminhos das formigas; aí é hora de saborear umas frutinhas e ficar embasbacado com a quantidade de planta que tem neste lugar e como esse avô sabe tudo sobre todas elas. À noite, vem voinha Marina e a vizinhança, pois o que não falta é semente para brotar mais uma porção de belezas.

Numa aldeia de um lugar do continente africano, algo inesperado aconteceu: um dia, tudo se tornou escuro e frio. Sem ter mais como caçar ou plantar, uma família pensou ter chegado o fim do mundo. A mãe, Kianda, logo notou que era preciso alimentar as crianças de novas histórias e partiu à procura delas nos infinitos caminhos da savana. A cada ser que Kianda conhecia pedia uma história, mas todos recusaram. Ela continuou até que uma tartaruga gigante disse que a levaria ao fundo do mar para que ouvisse os espíritos do oceano. E o que eles pediram em troca? Uma forma de entender como era a vida de quem vive acima do mar. Neste conto do premiadíssimo escritor moçambicano e da ilustradora canadense, uma metáfora do poder da oralidade em tempos difíceis.

Este livro começa com as mãos de uma avó. Elas amassam um barro vermelho de forma precisa pois tudo vai virar panela. Na imagem de Lumina Pirilampus apertamos os olhos para enxergar no meio do desenho um redemoinho de pássaros e peixes: é a natureza compondo as memórias da escritora indígena Eva Potiguara. E era só o começo: a cada virar de página, mais detalhes de uma infância que de tão amorosa nada esqueceu. Textos e imagens vão se casando em texturas, cheiros, tempos de uma tradição que, quando menos percebemos, nos pertence também.

Esta história também vem de uma memória. Mas não uma memória do autor e, sim, da mãe do rondoniense Josias Marinho. Dona Augusta, quilombola de Forte Príncipe da Beira, em Rondônia, conta que assistia a um verdadeiro espetáculo da natureza chamado “bateção”. Era quando os biguás voavam certeiros no rio para pegar os peixes em pleno movimento. Ela via tudo, da canoa, à espera também dos peixes, usando a tradição para se alimentar. Seria uma disputa? Seria uma tática? Josias narra a maior parte de tudo no silêncio das imagens, fazendo com que a gente movimente o livro como quem movimenta o remo, devagar, paciente, assistindo à vida acontecer.

Falar de neurodivergência é um desafio tremendo, uma vez que até entre os especialistas a discussão atingiu um patamar de compreensão recentemente. Também por isso, este livro desta autora inglesa é um presente para a divulgação científica e, melhor ainda, para a literatura para crianças. Desde a guarda (parte do livro que gruda a capa ao miolo) Kate Rolfe já vai convidando o leitor a um mergulho na mente de quem tem dislexia. E passa o primeiro recado: se tivermos cuidado como sociedade, o dislexo não vai odiar as letras e, sim, amá-las, como a própria Kate conta sobre si na biografia ao final da obra. Na obra, uma criança está diante do livro que precisa terminar e sente que as palavras estão “balançando”, “dançando”, “saltando” do objeto. A partir daí, um jogo entre palavras, imagens e design sensibiliza os que estão fora do transtorno de aprendizagem e acolhe os que precisam constantemente explicar o que sentem. E aí, a melhor parte: todos são convidados a dançar juntos na mente criativa da personagem e, quem sabe, ampliar formas de se enxergar o mundo.

A gente conheceu este menino interessantíssimo ao lado de Tayó, outro livro de Kiusam e Amora, lançado em 2021. Ele é alegre, adora conhecer a cultura de sua família, tem consciência da força de sua ancestralidade. Escrito todo em formato de tirinhas, o livro acopla vários temas do dia a dia das crianças. Símbolos e dados históricos como “eu sei que sou filho do berço da humanidade, a Mãe África” e “aprendi outro dia que a roda de capoeira está associada ao nosso ancestral Ogun, o senhor da luta” fazem parte das narrativas curtas com temas diversos. As questões do racismo estão expostas, tanto quanto as do machismo e as cruéis atitudes da branquitude que atingem especificamente os meninos negros. A rápida linguagem dos quadrinhos nos leva com tranquilidade de uma situação à outra (assim como a vida), tudo costurado à belíssima amizade entre Kayodê e Tayó que, juntos, nos ampliam em vocabulário, reflexões e valores.

Mas que livro pequenininho é este? É o que a gente pode se perguntar ao se encontrar pela primeira vez com Como Fazer Balas Mágicas. A segunda percepção pode ser “ei, eu conheço esse senhor!”, caso você já seja um fã (como nós aqui) da sul-coreana Heena Baek. O personagem deste pequeno livro é o que vende ao menino de Balas Mágicas (Companhia das Letrinhas, 2022) justamente estas doces delícias de chupar que “nos fazem ouvir as verdades mais secretas guardadas nos corações”. Pois bem, como o próprio nome diz, sim, é a grande chance do leitor também conseguir este poder especial. Como um típico manual, o livro começa com a lista de ingredientes (ou será um livro de receitas? Ou de Magia?). Entre eles, 1 panela grande, 1 despertador, 1 canudo e 1 amigo que te entenda bem (quanto o menor porte dele, melhor, ressalta a autora). A seguir, este adorável personagem ilustra um passo a passo adorável, que mistura posturas de ioga, dicas de como ter paciência, dicas infalíveis para uma vida toda (como cortar as etiquetas para ter um pijama ainda mais confortável), uma relação poética com a noite e as vantagens de se ter um livro e um amigo em momentos especiais. Tudo isso com a técnica fascinante em que ela mistura modelagens em minicenários criados em adoráveis detalhes e fotografados depois.
Quando o bebê chega em nossas vidas, ele só tem uma opção: ler o mundo que apresentamos a ele. Entre nossas escolhas e possibilidades, uma porção de cores, texturas, sons e carinhos. Rafaela, Tieza e Clara brincam com o leitor ou a leitora de várias idades pela perspectiva: a gente abre a obra e somos sugestionados a ver o que o bebê do livro está vendo. O móbile no alto e a naninha encostada no berço; a porta que se abre e o corredor misterioso; os barulhos das motos e dos latidos da cachorrada na rua; os pezinhos livres na areia do parquinho; as mãozinhas lambuzadas de comida... mas, espera: e cadê o bebê? Ah, está no olhar apaixonado da mamãe! Neste jogo de perspectiva entre imagens e palavras, o convite a ver o mundo com olhar de novidade.
A capa já nos desloca: o título está em uma direção, a assinatura dos autores, em outra. O que será que vem? Se abrirmos na vertical, vemos uma gota (?) num fundo escuro. Folheando, ela se movimenta, até que vira “alguém”. E o texto anuncia: “Ela não sabia de onde aquele buraco tinha surgido”. Sim, estamos indo com ela para um vazio... mas um vazio diferente, porque tinha um monte de coisa lá. Enquanto estamos com ela ali, uma luz está na página de cima, para sugerir que quando se está no buraco o que não falta é gente te sugerindo coisas para sair de lá. Coisas do tipo “de fora para dentro”. No desespero, ela tenta cavar e cavar e a borda foi ficando cada vez mais distante. Até que ela para, senta e chora. E, para quem tiver paciência, o virar de página, uma a uma, propõe uma saída surpreendente.

A textura das imagens produzidas pela mineira Anna Cunha impressiona: de onde ela tira tantos tons? Um borrado suave vai revelando um jornal, casas ribeirinhas, uma criança: começa a história que o escritor Otávio Júnior imaginou a partir de uma notícia: “nuvem de areia do Saara deve chegar ao Brasil nos próximos dias”. O vento levou a notícia ao menino que se pôs a entender melhor o que seria aquilo. Que força teria esta nuvem para atravessar um oceano inteiro? E assim, Otávio, Anna e as leitoras e leitores viajam, de muitas maneiras, pelas diversidades do continente africano, das brincadeiras de crianças às diversas formas de subsistência, dos idiomas aos detalhes de uma beleza ancestral.

O autor português vai direto ao ponto: “A noite passada fiz uma viagem a Marte. Passei lá dez ano (se a noite dura nos polos seis meses, não sei por que não hão de caber dez anos numa noite marciana) e tomei muitas notas da vida que lá se faz”. A partir daí, quem segura a José Saramago? O texto fascinante tanto quanto esperado nos revela produndezas: “cada marciano é responsável por todos os marcianos”; que hospitais, universidades, museus e escolas se localizavam exatamente onde era preciso que estivessem. E quando o autor nos sugere que, talvez, Marte seja mais interessante que a Terra, o que estávamos folheando em tonalidades de branco e preto, a ilustradora argentina Claudia Legnazzi nos dá uma dupla repleta de cores: “Em Marte gostaram muito de saber que há na terra sete cores fundamentais de que se podem tirar milhares de tonalidades”, escreve Saramago. “Garantiram-me que era a única coisa que lhes faltava para serem completamente felizes. E embora me tivessem feito jurar que não falaria do que por lá vi, desconfio bem que estarão dispostos a trocar todos os segredos de Marte pelo processo de obter um azul.” Quem duvida deste Nobel da Literatura?

Este bebê que mora neste livro gentilmente criado em papel cartonado está prestes a fazer uma viagem. Mas é uma viagem de rotina. Por ser longa, tem que caprichar na mala: mamadeira, naninha, chupeta e o livro preferido. Já vai de fralda trocada pelo papai direto para o colo da mamãe. Liga o motor e... ah, a autora italiana, uma das mais premiadas e lidas no mundo dos pequenos leitores, revela, finalmente, a aventura deste amado personagem: uma bela noite de sono. O spoiler não estraga esta pequena trama cheia de amorosidade que, na contracapa, faz a gente – ops, o bebê! – querer voltar ao começo e procurar uma porção de detalhes da história.

A autora sul-coreana Suzy Lee nos enlaça à leitura pela economia de palavras, de texturas nas imagens e, na maior parte das vezes de cores. Mas nunca, nunca nos poupa de gestos e delicadezas. Do seu tradicional traço de carvão, ela inicia a história com uma menina angustiada olhando diretamente para o leitor. “Quero chorar”, diz o texto de um lado, junto de uma discussão silenciosa entre duas pessoas do outro. Ela se sente à parte do que está acontecendo em sua casa e, ao mesmo tempo, envolvida em tudo. Soa familiar? As complexidades dos conflitos de casais com filhos ficam à parte quando vemos que a menina levanta voo em (ou com?) um pássaro preto, que a tira daquela situação, enquanto a conversa não vem.

Estamos por volta do ano 2090 e o planeta Terra está com os dias contados. Na história, a solução vem com a transformação de uma das luas de Júpiter em um novo lugar para os humanos morarem. Cientistas renomados talvez soubessem por onde começar. Mas o problema é que um choque com um meteoro modificou a trajetória do módulo em que estavam e o retorno para “casa” vai levar mais um tempo. Um ano. Caberá, então, aos dois filhos Ada (de 11 anos) e Nico (de 17!) tomar as decisões e elas não são nada fáceis: o que você faria se tivesse que imaginar um mundo totalmente do zero? Esta é a empreitada e o convite a esta leitura com altas doses de aventura em uma super missão espacial.
(Texto: Cristiane Rogerio)
Quatro novos livros da Coleção Canoa chegam às prateleiras assinados por Bianca Santana e Rodrigo Andrade
Para inspirar momentos de leitura e conexão com bebês, selecionamos livros que conversam com leitores no começo da vida, trazendo um olhar de encanto para o cotidiano, as relações e as possibilidade de ser criança
Entre criar novas histórias e revisitar as antigas, o autor reflete sobre sua trajetória sem medo de se reinventar e fala ao Blog sobre ‘Abel e as estrelas’, seu livro mais recente