
Coleção Canoa: livros de qualidade a valores acessíveis
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Literatura de qualidade pode, sim, estar ao alcance de todos.
Prova disso é o sucesso da Coleção Canoa, lançada em 2022 como uma iniciativa de democratização ao acesso a obras infantis produzidas com o cuidado de sempre pelo grupo Companhia das Letras.
Este ano, quatro novos livros da Coleção Canoa chegam às prateleiras. Para a editora Gabriela Tonelli, o que os quatro títulos têm em comum é mostrar a independência e a autonomia das crianças. Foi assim que Gabriela apresentou a nova leva da Coleção Canoa em um encontro de livreiros realizado em São Paulo (SP), onde se reuniu com os autores, Bianca Santana e Rodrigo Andrade, para apresentar os novos títulos: "As crianças são protagonistas das narrativas, mesmo que as obras sejam para públicos diferentes e em formatos diferentes".
Tem quem suja e tem quem limpa... mas não deveria ser assim. A dualidade de papéis fica evidente em Quem limpa? (Companhia das Letrinhas, 2025)
Quem limpa? (Companhia das Letrinhas, 2025), da jornalista Bianca Santana, que também é autora de Continuo preta - A vida de Sueli Carneiro (Companhia das Letras, 2021), convida a olhar com mais atenção para a responsabilidade pelo cuidado. A pia cheia de louças não se esvazia sozinha. As roupas precisam ser lavadas - e estendidas e passadas e guardadas. E tudo o que está espalhado pela casa precisa ser guardado em seu devido lugar. A mão invisível que restaura a ordem em meio ao caos é feminina - e na maioria dos casos, negra. Pesquisas mostram que as mulheres ainda dedicam 9,6 horas por semana a mais que os homens no trabalho doméstico. No caso de uma mulher negra, são 13,1 horas semanais.
O livro traz um pouco da experiência pessoal da própria Bianca, que é uma mulher negra cuja mãe trabalhou como doméstica por muitos anos - e se formou em economia. A avó de Bianca também foi doméstica, além de lavar roupa para fora. "Quando minha mãe fez 5 anos, ela foi trabalhar de babá de um dos netos [na mesma família em que a avó de Bianca era doméstica]. Não me parecia uma relação muito boa, mas era uma relação cheia de camadas", contou Bianca no podcast Estranho Familiar, de Vera Iaconelli.
As ilustrações de Ana Cardoso acrescentam uma nova camada à narrativa, escancarando a dualidade entre os que sujam e os que limpam. De um lado, quem está largado no sofá e não desprega do celular; do outro, quem abrilhanta a vidraça. De um lado, quem relaxa tranquilo assistindo TV; do outro, quem dá conta da pia lotada de louça. Esses paralelos ilustram o desequilíbrio de casas em que o cuidado não faz parte de um acordo coletivo em que todos se responsabilizam. "A autonomia aparece no livro tanto no fato de que cada pessoa consegue fazer um pouco de acordo com a idade (..), mas também em provocar a criança em relação à autonomia a partir da linguagem", contou Bianca no encontro de livreiros ao destacar a ironia que o jogo entre texto e imagens é capaz de construir.
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Em Cores (Companhia das Letras, 2025), cada criança escolhe uma das cores do arco-íris
Os outros três livros desta nova leva da Coleção Canoa são assinados por um mesmo autor: Rodrigo Andrade, que também é designer gráfico. Cores (Companhia das Letrinhas, 2025), Números (Companhia das Letrinhas, 2025) e Formas (Companhia das Letrinhas, 2025) têm, sim, como propósito apresentar aos leitores da primeiríssima infância conceitos básicos para quem está começando a entender o mundo. Mas surpreendem pela forma como integram esses conhecimentos a um contexto narrativo divertido e ricamente ilustrado. Em suas redes, Rodrigo escreveu: “essas histórias nascem de um pedido que fiz pra Gabriela Tonelli [editora da Companhia das Letras] de ilustrar algo para o selo, pois sempre amei essa ideia de livros que pudessem chegar com preços mais acessíveis aos leitores e então elas me desafiaram a criar essas narrativas para leitores iniciando seus primeiros contatos com conceitos de Formas, Cores e Números, mas que ao mesmo tempo vão aprendendo se encontram com histórias de afeto e diversão.”
Em Cores, a professora mostra um arco-íris e pede para que as crianças escolham cada uma sua cor. A partir daí, vários elementos de cada cor vão sendo apresentados a partir do diálogo das crianças com seus pais em cuidadores. Em Números, a contagem de 1 a 10 acontece em um jogo de futebol: a cada novo jogador que entra em campo. E em Formas, um passeio no Parque das Formas vai apresentando de forma contextualizada as formas que estão presentes na paisagem e em diversos elementos - que no final compõem uma linda mesa de aniversário. "A ideia era mostrar que todos esses conceitos já fazem parte da vida das crianças", ressaltou o autor no encontro de livreiros. Mas as obras ainda vão além: conseguem apresentar a diversidade - de cores, de corpos, de papéis (sim, as meninas estão jogando futebol!) - e reforçam a importância do coletivo, do que é possível construírmos juntos, seja em uma celebração ou em uma partida.
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