Mergulhar no tempo das cerejas, por Meritxell Hernando Marsal
Meritxell Hernando Marsal compartilha sobre os desafios do processo de tradução de "O tempo das cerejas"
A COP30 é um encontro anual promovido pela ONU desde 1995 cuja discussão se pauta no clima, quando duzentos países discutem, em nível global, políticas, compromissos e ações que podem alterar o curso das mudanças climáticas. Este ano, a COP30 acontece em Belém (PA), dos dias 10 a 21 de novembro. Sediar a COP no Brasil é, sem dúvida, trazer o debate para o centro da Amazônia, bem como liderar as pautas sobre o futuro do planeta.
A COP será dividida pela Zona Azul, onde acontecem as negociações oficiais, a Cúpula de Líderes e onde estão os pavilhões nacionais; e pela Zona Verde, onde a sociedade civil e outras organizações poderão se conectar para debater o compromisso com o clima e o meio ambiente. Para saber mais sobre a organização da COP30 em Belém, te convidamos a acessar o site oficial.
Temas como a emergência climática e a devastação da floresta amazônica já apareceram em livros-reportagem como Arrabalde, de João Moreira Salles, e O silêncio da motosserra, de Claudio Angelo com colaboração de Tasso Avezedo; a ideia da Amazônia como centro do mundo está no livro Banzeiro òkòtó, da jornalista Eliane Brum, conhecida por sua defesa da floresta. Livros como Ideias para adiar o fim do mundo e Futuro ancestral, de Ailton Krenak, um dos nossos maiores pensadores indígenas, são leitura obrigatória para entender que futuro queremos construir para o planeta e para os seres vivos.
“Os rios, esses seres que sempre habitaram os mundos em diferentes formas, são quem me sugerem que, se há futuro a ser cogitado, esse futuro é ancestral, porque já estava aqui.”
Ailton Krenak em Futuro ancestral
Quem protege a floresta?
Conhecidos pelo clássico A queda do céu, livro imprescindível do relato do grande xamã e porta-voz dos Yanomami, Davi Kopenawa se junta à Bruce Albert novamente para O espírito da floresta, coletânea de ensaios que evoca a complexidade da biodiversidade da floreta e as implicações trágicas de sua destruição. Autores de uma grande transformação do pensamento ecológico contemporâneo, que descontruiu o conceito de Natureza e já não mais distingue povos humanos e não humanos, reúnem em sua obra uma vasta trama de reflexões e diálogos que, a partir do saber xamânico dos Yanomami, evoca as imagens e os sons da floresta, a complexidade de sua biodiversidade e as implicações trágicas de sua destruição.

Em junho de 2022, o jornalista Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira foram assassinados no Vale do Javari enquanto faziam uma expedição pela região. À época, Dom estava escrevendo o que viria a ser Como salvar a Amazônia, uma reunião de textos em que o jornalista oferece soluções para salvar a floresta a partir do que aprendeu e ouviu dos povos indígenas e amazônidas. Essa é uma verdadeira aula sobre os desafios que as populações locais enfrentam para sobreviver em meio às dinâmicas políticas que operam na região, à pressão do agronegócio e à ameaça climática.

A trajetória de um dos mais influentes líderes indígenas contemporâneos, registrada em suas próprias palavras, sua história é um testemunho inigualável de resistência, sabedoria ancestral e compromisso com a terra. Nas páginas Memórias do cacique, Raoni tece sua concepção sobre a vida, a floresta e o mundo atual e compartilha de maneira única a cultura, a cosmologia e a luta do povo Mẽbêngôkre. Este é um convite a enxergar a história do Brasil pela perspectiva daqueles que sempre habitaram estas terras, que testemunharam a chegada dos invasores e que, desde então, elaboram estratégias de resistência. É a perspectiva daqueles que lutam pela floresta como um ato de esperança para o futuro.

Conheça esses e outros títulos selecionados no site da Companhia das Letras (seleção com desconto durante o período da COP30).
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