Cena extra de "Feita pra mim", livro de Lyla Sage

24/09/2025

Em Feita pra mim, Lyla Sage inicia a série Fazenda Rebel Blue com a história de Luke e Emmy. O romance é apaixonante e sexy que promete conquistar os leitores com cowboys, reencontros e uma boa dose de slowburn.

Confira agora uma cena bônus desse livro!

Emmy

Parei a caminhonete na frente do pequeno bangalô branco de Luke. Sempre soube que essa casa ficava nos fundos do vale, mas achei que estivesse abandonada. Quando vim aqui pela primeira vez no início da semana, fiquei chocada com o quanto ela tinha mudado desde a última vez em que a vi — no Ensino Médio, durante uma noite jogando Pique Bandeira, um passatempo favorito dos jovens de Meadowlark.
Na época, a casa estava debilitada. Era mais marrom do que branca porque a tinta estava lascada e desbotada. A calha estava solta do telhado em mais de um lugar, o quintal tomado de grama, e uma das janelas da frente estava quebrada. O lugar parecia deslocado. A paisagem ao redor era serena e receptiva, só que a casa era o oposto.
Luke tinha repintado o exterior branco e adicionado uma porta azul — sua “homenagem a Rebel Blue”, explicou ele. Não havia calhas ou janelas quebradas. Ele até plantou alguns canteiros e um jardinzinho de ervas — que prosperava. Não só ele conseguia manter seus pequenos alunos vivos enquanto elas aprendiam a cavalgar, como também conseguia manter plantas vivas. Nada mal.
Ele adicionou uma varanda que envolvia a frente da casa. Era como uma fita embrulhada num presente — o toque final perfeito.
Quando olhei para a casa, foi como se uma mão envolvesse meu coração e lhe desse um apertozinho. Levei algumas visitas para determinar que sensação era essa. Orgulho.
Estava orgulhosa dele.
Sinceramente, não sabia se eu superaria algum dia o quanto estava equivocada sobre ele. Estar com Luke era como usar óculos pela primeira vez e conseguir ver as folhas numa árvore em vez de troços verdes.
Luke Brooks estava cristalino para mim.
E, assim como no dia em que ele me ajudou a montar pela primeira vez, gostei do que vi.
Abri a porta da caminhonete e fui até a casa. Tentei ignorar como meu corpo doía.
Aquele dia tinha sido longo.
Fazia bastante tempo desde que tive esse tanto de dias um atrás do outro cheios de trabalho no rancho, e estava sentindo o peso.
Corrida de tambores e ranchos eram duas coisas bem diferentes.
Meus ombros estavam tensos que chegavam aos ouvidos e os músculos das costas pareciam que iam ceder a qualquer instante.
Quando cheguei à porta, já conseguia sentir o calor irradiando da casa, e música se disseminava pelas paredes. Sem pensar, entrei sozinha — pareceu natural fazer isso — e fui recebida pela visão das costas largas de Luke enquanto ele se dedicava a seja lá o que estivesse preparando no fogão.
Na bancada ao lado, havia um monte de tigelas que pareciam conter ingredientes já medidos — como se ele estivesse num programa de culinárias. Caminhei até ele, deslizei os braços na sua cintura e deitei a cabeça no meio do seu peito.
Ele nem se mexeu.
Quando virou, me envolveu nos braços e disse “Oi, docinho”, soltei um suspiro contente.
— Oi — devolvi. — Como foi seu dia?
Eu não estava o olhando. Estava com a cabeça enterrada nele. Seus batimentos cardíacos me estabilizavam.
Ele levou uma mão até minha nuca e começou a massageá-la. Tentei não gemer — tanto com seu toque quanto com o fato de que ele parecia saber do que eu precisava no momento.
— Longo — respondeu. Sinto seus lábios no meu cabelo. — E o seu?
— Também — falei, suspirando.
E então ele enfiou uma mão sob meu queixo para poder erguer meu rosto até o seu. Me deu um selinho nos lábios, e algo nisso pareceu importante, como se fosse tão corriqueiro que ele nem precisava pensar duas vezes, como se fôssemos ter um milhão desses selinhos na vida.
— O que quer beber? — perguntou.
— Por favor diz que você tem Coca Zero.
Luke riu de mim, eu sabia que ele odiava Coca Zero.
— Tenho. Mesmo odiando.
Viu? Ele me deu um beijo na têmpora antes de se soltar do meu aperto e virar a fim de abrir a geladeira.
— Eu pego…— comecei a dizer, mas ele ergueu uma mão e me cortou.
— Senta essa bundinha linda — ordenou com a voz mandona que eu amava. — Deixa comigo.
Eu não o impediria, mas tive que impedir um sorriso enquanto fazia o que ele tinha mandado. Sentei à mesa da cozinha e mantive os olhos no homem que estava enchendo um copo de vidro com gelo para colocar a Coca Zero porque, de algum jeito, ele sabia que eu não gostava da sensação do metal nos lábios.
Ele fazia eu me sentir a única pessoa do mundo.
— O que tem para o jantar? — perguntei.
— Salmão. Aspargo. Batata amassada — respondeu.
— Nossa — falei. — Uma proteína, um carboidrato e um legume. Amos Ryder ficaria orgulhoso.
Meu pai era grande fã da estrutura tradicional da refeição.  Luke sorriu enquanto me passava a bebida. Quando dei o primeiro gole e senti o gás queimar a garganta, me senti mais relaxada do que senti o dia todo.
A queimação trouxe de volta lembranças do uísque de Luke descendo pela minha garganta no aniversário de Teddy. Minhas bochechas ficaram quentes com o pensamento e um tremor desceu pela minha espinha.
Aquilo foi… algo.
Algo bem bom.
Dentro de dez minutos, Luke e eu nos sentamos à sua mesa com os pratos cheios. Conversamos sobre nossos dias — o dele foi longo também. A máquina de gelo do bar estava falhando. Ele e Joe tinham descoberto um conserto temporário que envolvia fita adesiva e pura força de vontade, mas precisariam investir numa nova em breve.
Luke não se importava de substituir a máquina de gelo, mas se importava, sim, de precisar tirar o dinheiro do orçamento para o touro mecânico.
— Qual é a sua com esse touro mecânico? — questionei.
— Qualquer bar bom do Oeste tem um touro mecânico — respondeu, franco. — Quero um touro mecânico.
— Onde vai botar ele? — indaguei, pensando no quanto tudo no Bota do Diabo já era apertado.
— Ainda não determinei — respondeu enquanto furava um pedaço de aspargo com o garfo.
— Provavelmente você devia resolver isso antes de comprar — comentei entre mordidas de batatas amassadas, que deliciosas. O homem sabia se virar com batata.
— Onde você botaria? — perguntou.
Diminuí a mastigação. Alguma coisa na pergunta me abalou. Gostei de ele me perguntar — de querer saber o que eu achava e de estar me envolvendo numa decisão que ia tomar sobre algo tão importante para si como o bar.
Pensei naquilo por um instante.
— E se você começar a usar o segundo andar como depósito? E então abrir a sala de depósito para o resto do bar?
Nunca estive no segundo andar do Bota do Diabo, era bloqueado, e eu não sabia o que tinha lá em cima, mas era mais espaço, algo de que Luke precisava se fosse realizar o sonho do touro mecânico.
Luke sorriu para mim, aquele sorriso com rugas nos olhos, e respondeu:
— Nada mal, Ryder. Nada mal mesmo.
Depois do jantar, ajudei Luke a limpar a cozinha. Ele me disse que podia fazer isso e que eu poderia relaxar no sofá, mas eu gostava desses momentos com ele. Os momentos em que podíamos simplesmente existir.
Ali, eu não precisava me preocupar com como Gus reagiria quando lhe contasse, com o que eu faria quando as regionais chegassem à Meadowlark ou com qualquer outra preocupação que estivessem constantemente girando no meu cérebro.
E, quando eu não precisava pensar nessas coisas, os sentimentos que tinha por Luke ganhavam espaço para se efervescer e serem reconhecidos, e eu amava essa sensação.
Mesmo que ela me assustasse um pouquinho.
Quando lhe entrego a última louça, a música sai de uma canção alegre do Alabama para um clássico do country lento: Forever, and Ever, Amen, de Randy Travis.
Luke me olha, e é um dos olhares que parecem ser mais do que só um olhar — era o olhar que ele me dava que me deixava sentindo que eu era a única pessoa do planeta, o que parecia verdade no momento, porque sentia que meu mundo inteirinho estava naquela pequena cozinha.
Com a última louça guardada, Luke jogou o pano de prato que usou para secar a louça no ombro e estendeu a mão como oferta.
É claro que a peguei.
Quando ele me puxou para si, colocou uma mão na minha cintura e começou a balançar lentamente com a canção. Cantarolou junto com ela, e senti a vibração da sua voz no ouvido.
Coloquei a cabeça no seu peito de novo, desesperada para sentir seus batimentos tranquilizantes. Notei então que minha cabeça estava quieta — de forma alarmante. Não estava acostumada com isso, mas aproveitei — aproveitei ele.
Balançamos juntos na cozinha acalorada, e, enquanto sentia sua mão na minha, seu hálito na minha pele, seu braço na minha cintura, só conseguia pensar no significado do nome da música, para todo sempre, amém

 

Confira a série Fazenda Rebel Blue

A série de livros de cáubois já tem 3 volumes publicados: Feita pra mim, Toda pra mim e Só pra mim!

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