
Conheça "Escrever é humano: Como dar vida à sua escrita em tempo de robôs", de Sérgio Rodrigues
Novo livro do ensaísta e ficcionista Sérgio Rodrigues fala sobre a escrita nos tempos de inteligência artificial. Leia o prefácio e conheça!
Entre 23 e 27 de novembro, a literatura volta a ocupar as ruas de Paraty em mais uma edição da Festa Literária Internacional da cidade fluminense, e a Companhia das Letras é presença confirmada nesta celebração. Leia um trecho de “Você não é invísivel”, novo livro de Lázaro Ramos, autor convidado da Flip 2022.
Os braços dele são desproporcionais ao corpo. Os dedos das mãos são longos. Nunca consegue sentar com a coluna reta, tem sempre um jeito displicente de se acomodar na cadeira, só assim se sente confortável. Abre o gravador do celular e registra para si mesmo:
Peguei a visão de uma coisa, a vida é só um monte de “E se”. E se eu não tivesse nascido nessa família?
E se eu não me sentisse injustiçado por meus pais tirarem minha chupeta quando eu tinha dois anos e a da minha irmã só aos quatro, porque depois de mim aprenderam que têm que respeitar o tempo da criança?
E se eu não tivesse me sentido a cobaia para os erros deles?
E se eu não tivesse brigado com meu melhor amigo no quarto ano?
E se eu não tivesse rido dele quando chegou com um corte de cabelo que achei ridículo?
E se ele não tivesse revidado e contado, no meio do pátio, pra todo mundo, que eu ia no meio da noite pro quarto dos meus pais e dormia com a cara no sovaco deles? Talvez eu tivesse um melhor amigo agora.
E se eu fosse afinado e tivesse virado cantor solista no coral do quinto ano? Talvez agora eu tivesse uma banda
E se eu tivesse uma banda, talvez não precisasse ser bom de papo pra conquistar uma garota.
E se eu estivesse usando minha camiseta da sorte com o Bart Simpson falsificado no dia em que minha mãe viajou, talvez nada do que aconteceu comigo tivesse acontecido.
Mas o “e se” fatal mesmo foi quando eu postei aquela mensagem. Acho que foi o que disparou a mudança na minha vida. E estava tudo indo tão dentro da normalidade...
Pois é...
E se eu não tivesse começado a escrever aquelas coisas?
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