
Stênio Gardel: ‘talvez a tristeza do meu livro possa ser bem lida e recebida'
Depois de uma estreia premiada com o romance “A palavra que resta”, Stênio Gardel compartilha os bastidores de “Bento vento tempo”, seu primeiro livro ilustrado
Sim, várias obras dos selos infantis da Companhia das Letras estão entre os semifinalistas do 67º prêmio Jabuti. A edição deste ano tem como autora homenageada Ana Maria Machado, que completa 50 anos de carreira literária. Entre obras consideradas clássicas para crianças e para adultos, Ana Maria é celebrada como uma autora plurifacetada, transitando pela poesia, por romances, ensaios, com mais de 20 milhões de livros publicados em 26 países e obras que marcaram - e ainda marcarão - muitas gerações.
Apresentamos os livros dos selos infantis da Companhia das Letras selecionados para esta edição do Prêmio Jabuti, com especial satisfação por termos tantas obras selecionadas na categoria ilustração. Especialmente nos livros infantis, e sobretudo nos livros ilustrados, as imagens não são acessórios da história. Não são secundárias. Não são meramente embelezadoras das páginas. Ilustradores são autores porque as histórias também são contadas através das imagens e, na potência da relação que se estabelece entre imagem e texto, nas mais variadas formas, exigindo um papel ativo do leitor. Por isso é imprescindível prestigiar o trabalho de ilustradores, conhecer seus processos criativos e dar o crédito que as ilustrações merecem na construção do livro, das histórias e desse imaginário que a literatura edifica. Ler uma imagem e a relação dela com as outras linguagens nos livros é ampliar nosso modo de leitura. Aumenta a capacidade de interpretação, de abstração e, quem sabe, de entendimento de mundo.
O Prêmio divide os destaques dos livros infantis em mais de uma categoria. Os selos tiveram, juntos, uma indicação na categoria "Infantil", no eixo Literatura, e quatro na categoria "Ilustração", no eixo "Produção Editorial"
Em uma narrativa sensível que fala sobre o poder das mãos, no cuidado, na proteção, no afeto, conhecemos o menino Orion. Ele tem dois pais, Paulo e Pedro. Foram as mãos deles que o acolheram quando ele deixou o orfanato. E na escola, são as mãos de sua professora que o sustentam quando ele mais precisou. Na potência do texto de Kiusam e na fluída e detalhada narrativa visual de Natáli, ambas autoras se unem por uma história para falar sobre intolerância, mas sobretudo sobre o amor.
Um livro para leitores da primeiríssima infância, que celebra a imaginação e a inventividade tão próprias da infância. São três histórias reunidas: O sonho, A viagem e O sorvete, todas usando somente imagem e tendo como protagonista o simpático porquinho Vitório, em um bocado de aventuras… Ele mergulha em uma poça d’água e sai em uma baita festa à fantasia! Prova um sorvete que faz o mundo mudar de cor e ainda explora outros planetas em uma nave… As ilustrações, cheias de cores e contrastes marcantes, parecem dançar com o texto rumo a mundos fantásticos onde nada é impossível. Veridiana já teve outras indicações ao Jabuti.
O avô está diferente. Mais quieto e recolhido. Ele já não se lembra de muita coisa… E o neto embarca em uma missão: fazê-lo recordar. Ele leva o avô pelos lugares que tanto o marcaram, caçando lembranças, perseguindo rostos conhecidos, resgatando um pedaço de quem ele era. As imagens do premiado mineiro Nelson Cruz (já foi indicado ao Prêmio Hans Christian Andersen, o mais importante do mundo dos livros infantis) compõem com o texto único e desafiador de Stênio, uma narrativa visual comovente, que nos conduz à leitura como se nos transportasse para um outro tempo. Nelson já venceu o prêmio Jabuti algumas vezes, entre elas, livro do ano, em 2021, com Sagatrissuinorana (Ozé Editora), com João Luiz Guimarães.
Duas irmãs têm como testemunha de sua infância um quintal mágico. É ali onde elas compartilham brincadeiras com bonecas, cantam com o sabiá e sonham. O enredo nasce das memórias da escritora Waldete Tristão e o trabalho de ilustração primoroso de Rodrigo Andrade se baseou em muitas pesquisas que resgataram os elementos e a estética que marcaram tantas infâncias negras - escassamente registradas nas fotografias. Além de cuidadosos detalhes das vestimentas, composição de elementos da casa e dos espaços abertos, cheios de significados, Rodrigo também nos leva com as meninas a uma camada de sonho em que podemos, quem sabe, alcançar esta família que transborda amor e cumplicidade.
Neste conto com ares engraçadinhos, Theo é um menino que quer muito, muito um bicho de estimação. Mas a sua mãe diz “na na ni na não”. Mesmo assim, Theo tenta encontrar um animal que se encaixe nas exigências da mãe - o que vai causar um bocado de confusão! Para corrigir um errinho, o menino vai se enrolando em erros cada vez maiores… Repleto de elementos gráficos, o livro traz na narrativa visual ilustrações que traduzem o dinamismo e o humor das situações bem ao tom que o texto anuncia, numa espécie de conto acumulativo. Kaká Leal parece mesmo dar vida aos bichos, expressivamente engraçados como o texto de Estevão Azevedo.
(Naíma Saleh e Cristiane Rogerio)
Depois de uma estreia premiada com o romance “A palavra que resta”, Stênio Gardel compartilha os bastidores de “Bento vento tempo”, seu primeiro livro ilustrado
O prêmio Jabuti chega aos 66 anos de existência e anuncia nesta quinta-feira (24) os 10 semifinalistas de cada categoria
O austríaco Heinz Janisch, que concorria com Marina Colasanti, é o autor vencedor. Na categoria ilustração, o premiado é o canadense Sydney Smith, que disputava com Nelson Cruz