A fantástica biblioteca dos bebês
Muita gente não sabe nem por onde começar a escolher livros para bebês. E não há uma única resposta. Mas há caminhos quando o norte é o afeto e o apreço pela literatura
Guilherme Karsten, 36 anos, nasceu, cresceu e vive em Blumenau, Santa Catarina. Especializado em Design Gráfico e publicitário de formação, ele se dedica a ilustrar livros infantis desde 2010, quando ganhou um concurso de ilustração para novos ilustradores realizado pela Livraria da Vila.
Desde lá, acumula livros e prêmios. Em 2019, por exemplo, foi um dos 10 brasileiros indicados para participar da BIB (Bienal Internacional de Bratislava), na Eslováquia. Lá, levou o prêmio BIB Plaque, a placa de ouro da bienal.
Na China, também neste ano, sua obra Aaahhh!, que saiu fora do Brasil pela editora Thames&Hudson, ganhou o Golden Pinwheel Young Illustrators Competition International. Esse é um concurso promovido pela Feira do Livro de Shangai, organizada pela Feira de Bolonha, a maior e mais importante do mundo.
Pela Brinque-Book, em parceria com Ilan Brenman, publicou Mãenhê! e Conversa para pai dormir. A parceria com Brenman deu origem a outras obras, por outras editoras, como o Agora (Sesi), finalista do Jabuti 2018 em ilustração. Sua obra solo Carona recebeu menção honrosa no Prêmio Internacional Serpa de Livro Ilustrado, de Portugal, em 2017.
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Guilherme Karsten
Com todo esse currículo, não admira a criatividade e as respostas divertidas que você vai ler a seguir, neste Brinque-Book Brinca. A brincadeira, você já sabe, funciona assim: 10 perguntas divertidas, com respostas irreverentes. Bóra brincar! Lembrando que todas as imagens desse post são de livros do Guilherme publicados pela Brinque-Book ou pela Escarlate, como Era uma vez 20, cuja imagem de Carmen Miranda abre o texto. O livro é uma parceria com a Luciana Sandroni.///
Quem é você? Primeiramente, o marido da Beatriz, pai do Lucca e do Vicente. Segundamente, um cara que desenha desde que se conhece por gente; que um dia decidiu jogar sua pasta de desenhos fora, pois ser ilustrador não é uma profissão com um futuro garantido; que tem no currículo estudantil uma formação em técnico contábil e que hoje trabalha como ilustrador e não sabe fazer nem o próprio imposto de renda.
Quem faz livros é o quê?
Um livrador? Que livra as mentes da dor do dia a dia? Que é capaz de fazer os leitores saírem de onde estão para experimentar novas ideias, novos mundos, viajar?
Como é o lugar em que você trabalha?
É legal demais: tem mesas para todos, inclusive para meus filhos. Tem um sofá, almofadas, estante com muitos livros e até um violão para desbaratinar.
Tem café e uma planta que, está quase sempre morrendo... Mas minha esposa sempre dá um jeito nela. Costumo dizer que é o nosso happy place.
Quais são suas técnicas prediletas para desenhar, escrever, ilustrar e imaginar?
Não tenho um padrão. Meus livros são sempre diferentes uns dos outros, pois me canso facilmente de fazer o mesmo trabalho. Sempre estou de olho em técnicas diferentes, estilos diferentes, me instiga. Mas 99% do meu trabalho é feito diretamente no computador, praticidade é algo que me deixa mais feliz.
Uma curiosidade é que nunca faço os layouts, apenas rabiscos algumas ideias de organização dos elementos de uma cena e começo a criar, pintar, alterar, reposicionar, etc., até finalizar a imagem.
Agora, imaginar não tem lugar ou momento, é algo que pratico o tempo inteiro, minha mente está sempre imaginando, criando.
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Guilherme Karsten
Como é que você tem uma ideia para escrever ou desenhar? E como tira ela da cabeça e coloca no papel?
Não sei dizer exatamente, mas algumas fagulhas surgem na minha mente. Às vezes, em forma de uma imagem que parece me contar uma história. E essa coisa fica  incomodando a minha cabeça por dias, preciso encontrar um meio e um fim para esta história.
O momento de escrever é a pior parte. Nunca me sinto bom o suficiente para escrevê-la, mas quando mergulho nela, me divirto demais. É muito boa a sensação de criar as situações, encontrar as palavras certas, eis que vira a melhor parte.
Outra curiosidade, a história do meu livro Carona surgiu do nada, enquanto eu tomava banho! A partir desse dia, decidi que tomaria banho toda semana ;)
Qual foi a ideia mais brincante que você teve e que virou livro?
Acho que foi o Carona mesmo, gosto demais da ideia e da brincadeira das palavras. Foi muito suor para encontrar as palavras certas para cada situação, e os personagens são sem pé nem cabeça.
Seus lápis e cadernos brincam com você?
Acho que não muito, eu é que não brinco muito com eles. Fico mais na tablet e no teclado do computador. Mas meus filhos sempre os consolam. Riscam e rabiscam o tempo inteiro.
Quando não tem ninguém olhando, do que você brinca? E quando tem alguém olhando?
Vixe, não sei... acho que minha mente está sempre brincando, pensando nas coisas mais nonsenses e quase impossíveis de explicar para os outros.
Faço a mesma coisa quando estão olhando para mim, afinal não vêem o meu pensamento.
Em que momento, lugar, clima, hora do dia ou posição você mais gosta de ler, escrever ou desenhar?
Compramos um sofá novo lá em casa, eis o meu novo melhor lugar para ler, mas não dura mais do que um minuto, pois algum dos filhos vem participar, aí acabou o sossego.
O que me resta é a minha cama. Quando todos estão dormindo, ligo o meu abajur e me divirto. Escrever e desenhar sempre no meu estúdio, não importa o momento, toda hora é hora.
O que você mais gostava de ler quando criança? Mudou muito para os dias de hoje?
Minha infância não foi de muita leitura, não; tive pouco contato com livros, mas eu adorava ler e desenhar o Recruta Zero.
Agora que virei adulto é que comecei a ler livro para a infância. Talvez lá pelos meus 80 anos eu comece a ler livros para adultos.
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E você? Conte para a gente os seus lugares preferidos para ler! Ou: do que você brinca quando ninguém está olhando?
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