Dia das bruxas? Só se for com a Mortina
A menina-zumbi Mortina vive no Palacete Decrépito e é a protagonista da série que leva seu nome. Mas para entender os livros, é preciso ter certos atributos... Veja quais são
Ilustração do livro A princesa e o gigante, de Caryl Hart (texto) e Sarah Warburton (ilustraçã0)
Maria Tatar, especialista em literatura infantil e folclore ligada à Universidade de Harvard, escreveu: "(...) os contos de fadas tornaram-se uma parte vital de nosso capital cultural. O que os mantém vivos e pulsando com vitalidade e variedade é exatamente o que mantém a vida vibrando: angústias, medos, desejos, romance, paixão e amor". Desses e de outros contos clássicos surgem princesas, príncipes, heróis e vilões que, como as histórias que lhes deram origem, falam direto com o imaginário, medos e desejos de pequenos leitores. Até hoje, em leituras e releituras, os livros para crianças continuam recorrendo a esses personagens em suas melhores obras.
Ilustração de Bruxa, bruxa, venha à minha festa, de Arden Druce (texto) e Pat Ludlow (ilustrações)
É no plano das imagens e, muitas vezes, do inconsciente e do simbólico, que as crianças têm as chances de "trabalhar" esses sentimentos e lidar com eles de forma a se sentirem mais seguras. Porque se o bicho papão assusta, é catártico vê-lo derrotado nos nossos livros preferidos. Não à toa, Bruxa, bruxa, venha à minha festa, de Arden Druce e Patt Ludlow, foi o mais votado numa enquete realizada pela Editora Brinque-Book que perguntava aos leitores qual era seu livro mais querido. Aqui, escrevemos sobre os motivos dessa legião de fãs. "Lidar com personagens e situações assustadoras na fantasia, no aconchego do colo e do afeto dos adultos, é um modo de as crianças “viverem” simbolicamente aquilo que as assusta e, assim, elaborarem emoções complexas e desestabilizadoras. Por isso as histórias de terror e perigo e os seres encantados são unanimidades entre elas, quase irresistíveis. Nesse Bruxa, Bruxa, o que não falta são criaturas horripilantes: da bruxa ao fantasma, passando por pirata, lobo, tubarão, coruja. Até o unicórnio, aqui, não fica nada fofo". O trecho acima foi retirado de uma resenha sobre Bruxa, bruxa, publicada pelo Blog da Brinque. Ele resume bem o fascínio das crianças e porque as histórias de medo são tão interessantes para elas. A Cigarra e a Formiga, canal de literatura infantil, também resenhou a obra neste post. A seguir, confira a íntegra da conversa com Ilan Brenman sobre princesas e, em seguida, conheça três livros com a temática de heroísmo ou de medo -com princesas ou seres assustadores- fundamentais para a biblioteca dos pequenos.///
("O livro secreto das princesas que soltam pum" / Texto: Ilan Brenman; Ilustrações: Ionit Zilberman)[/caption]
Blog da Brinque: As princesas e o universo encantado dos reinos costumam exercer um certo fascínio sobre as crianças. Por que isso acontece?
Ilan Brenman: Porque elas representam certa beleza de alma e de espírito, elas mostram que, para se tornar uma princesa, ou seja, para amadurecer, virar adulto, é necessário coragem, perseverança, resiliência, uma pitada de transgressão e, principalmente, é necessário enfrentar nossas mais temidas bruxas internas. Por isso, a criançada adora os contos de fada.
Blog da Brinque: O que há nas princesas e príncipes que nos fazem admirá-los? Quais componentes simbólicos eles trabalham no desenvolvimento infantil e a partir mais ou menos de qual idade esse passa a ser um tema importante a ponto de mobilizar o afeto dos pequenos?
Ilan Brenman: Eu citei acima um pouco das características simbólicas dos príncipes e princesas. Muitas vezes, as pessoas ficam presas apenas ao mundo exterior desses personagens, mas sua representação simbólica é o que importa para a criançada, são personagens que buscam o melhor de si, que sabem que, para conseguir algo (amadurecer, por exemplo), é necessário muito esforço, sair do seio familiar, seguro e conhecido, para um mundo de aventuras e obstáculos. A jornada desses personagens reflete o mundo interno da criança, que ao mesmo tempo quer continuar na segurança do lar e quer também conhecer um mundo repleto de aventuras.
Blog da Brinque: Você já contou que se inspira muito em suas filhas para escrever e que, no caso das princesas, sua inspiração veio delas também. De que forma a literatura e os contos de fadas surgiram na sua família, na sua relação com suas filhas, e como as princesas das histórias foram ou são importantes para suas filhas?
Ilan Brenman: Elas sempre gostaram de ouvir e ver histórias de princesas, Cinderela foi um hit aqui em casa por anos. Acredito que consegui mostrar para elas todos os tipos de princesas que eu conhecia na época, princesas de vários continentes, princesas tradicionais, princesas vanguardistas, anti-princesas...Essa diversidade, creio eu, possibiltou que elas pudessem se identificar com suas princesas favoritas.
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Este livro está cheio de monstros
Guido van Genechten
Tradução: Gilda de Aquino
A partir de 2 anos
Do premiado Guido van Genechten (O que tem dentro da sua fralda?), esta é uma deliciosa e divertida obra interativa. Antes de deixar a capa para trás, é bom que você saiba: este livro está cheio de monstros, e você pode parar de ler a qualquer momento. Mas se você é valente, prepare-se: tenha por perto alguns itens essenciais como pregadores de roupa, protetores de ouvido e botas de borracha para seguir nessa aventura – divertida e, quem diria, até mesmo fofinha. Com ilustrações ultradivertidas que se assemelham aos desenhos das crianças, cada monstro ganha vida e características assustadoras, como gostar de comer lesmas ou adorar um banho de limo. Deu para sentir o humor? O livro, interativo, anuncia o que as crianças vão ver se tiverem coragem de virar a página. E nessa brincadeira de saber o que as espera, a risada é certa!
O livro secreto das princesas que soltam pum
Ilan Brenman (texto) e Ionit Zilberman (imagem)
A partir de 3 anos
A princesa e o gigante
Caryl Hart (texto) e Sarah Waterburton (ilustração)
Tradução: Gilda de Aquino
A partir de 3 anos
A menina-zumbi Mortina vive no Palacete Decrépito e é a protagonista da série que leva seu nome. Mas para entender os livros, é preciso ter certos atributos... Veja quais são
Com a obra Bento vento tempo, escrita por Stênio Gardel, o autor e ilustrador mineiro se confirma como um dos grandes nomes da literatura infantil brasileira
Sim, há muitas dicas que podem ajudar a fazer a mediação de livros para bebês. Mas o principal é estar realmente presente - e conectado com a criança e com o livro