
Diário da Flipinha 2025 dia #1
Primeiro dia encanta com reflexões sobre infância, humor e o sucesso da Batalha de Ilustradores na Casa Toda Poesia
Quem somos? De onde viemos? Quais são nossas origens? Essas perguntas, centrais para a construção de nossa identidade, feitas há séculos, são tendência entre as produções audiovisuais dirigidas a crianças. É o que podemos constatar ao acompanhar as exibições do Festival comKids Prix Jeneusse Iberoamericano, que acontece até dia 20/8 em São Paulo, com filmes e séries, documentais e ficcionais, da América Latina e da Península Ibérica, voltados a crianças de todas as idades.
Um exemplo é a série equatoriana Mi voz, mi mundo, que conta, por exemplo, como é a vida dos Tsáchilas, população indígena da Província de Santo Antonio. A partir do ponto de vista das crianças, o episódio percorre informações como a culinária, as vestimentas, a língua e as plantas medicinais presentes nessa cultura. A linguagem é inteiramente voltada aos pequenos, com a ajuda de animações que tornam a narrativa mais atrativa. Abaixo, um outro episódio da série.
Já o programa chileno Un mundo de amigos traz as histórias de amizade entre crianças chilenas e imigrantes estrangeiros, buscando apresentar mundos diversos. No episódio Azaan + Belén, apresentado no festival, está o encontro entre um menino que imigrou do Paquistão, Azaan, e sua amiga de escola Belén. Durante a narrativa, Belén visita a casa de Azzan, onde é bem recebida por sua família e aprende sobre os costumes do Islã, como as vestimentas, alimentos e preces.
Ampliando o mosaico das infâncias latino-americanas, também podemos conhecer no festival a história de um menino de oito anos criado numa comunidade tradicional e rural das planícies da Colômbia em De a caballo. Um pouco do universo do protagonista, de uma família ligada à rica cultura de cavaleiros, é revelado pelas imagens captadas pelo próprio menino em uma pequena câmera que sempre carrega consigo.
Já o chileno Ojos al futuro traz os desafios da jovem Suni Cautín Mamani, de 17 anos, integrante das culturas aymara e quechua. Nascida em um povoado localizado ao norte do país, ela é orgulhosa de suas origens, mas vive o conflito de deixar sua terra natal para estudar na cidade.
Para os bem pequeninos, até seis anos de idade, duas produções que abordam questões de identidade chamaram a atenção: Atrapasueños (Equador), com a riqueza da diversidade étnica e cultural do país, e Pichintún (Chile). Já a série chilena é uma docu-animação que apresenta povos tradicionais como os Aymara, Mapuche e Rapanui. Num dos episódios, a pequena Kristel, que mora no povoado de Pachica, no deserto do país, apresenta suas tradições, brincadeiras e bichos de estimação.
Duas produções brasileiras, ligadas ao projeto Minha vez, ganharam destaque numa sessão especial, com a participação dos jovens protagonistas dos documentários. Um deles é Respeito, filme de Ana Pacheco que traz a história da menina Kayllane Coelho, conhecida por ter vivido um triste episódio de intolerância, quando levou uma pedrada na rua por ser adepta do candomblé. O segundo filme é Kunumi, o raio nativo, de Mauro D’Addio, com o jovem guarani Werá, que na abertura da Copa do Mundo de 2014 levantou corajosamente uma faixa pedindo a demarcação da terras indígenas, quebrando os protocolos do evento. Ambos os filmes adentram um pouco suas culturas, criando importantes pontes entre realidades diversas.
ComKids
Primeiro dia encanta com reflexões sobre infância, humor e o sucesso da Batalha de Ilustradores na Casa Toda Poesia
Edição voltada ao público infantil lançada em 2014 com desenhos de Ziraldo, ganha espaço especial na feira que este anos homenageia o poeta Paulo Leminski
A árvore generosa, grande clássico contemporâneo, é uma das obras favoritas para leitores nesta feixa etária