Jon Fosse vence o Nobel de literatura 2023
Autor de "É a Ales" recebe o prêmio mais importante da literatura mundial
Foto de László Krasznahorkai © dpa picture alliance / Alamy / Fotoarena
Na manhã desta quinta-feira, a Academia Sueca anunciou o escritor László Krasznahorkai como ganhador do prêmio Nobel de literatura 2025.
Nascido em 1954, na cidade de Gyula, Hungria, Krasznahorkai é considerado uma das grandes vozes da literatura da Europa Central. Seus romances, densos e desafiadores, são marcados por um olhar apocalíptico sobre o mundo moderno e uma profunda reflexão sobre a condição humana. De acordo com a Academia, o reconhecimento se deu “por sua obra instigante e visionária que, em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte".
Vencedor de diversos prêmios, como o International Man Booker Prize e o Formentor, László se consagrou já com a publicação do seu primeiro romance, em 1985. Publicado no Brasil pela Companhia das Letras, SÁTÁNTANGÓ é uma obra monstruosa e implacável. O romance deu origem ao célebre filme homônimo dirigido por Béla Tarr — uma adaptação de mais de sete horas. Luiz Schwarcz, editor e fundador da Companhia das Letras, diz: "Um prêmio merecidíssimo e esperado para um autor que, como os melhores escritores, leva a literatura a novas fronteiras." Paulo Schiller, vencedor do Prêmio Biblioteca Nacional pela sua tradução de Sátántangó ao português, afirma: "László é o Guimarães Rosa húngaro (só que em vez de seca, chove o tempo todo em seus livros). Uma alegoria dos regimes populistas dos nossos dias”.

Em SÁTÁNTANGÓ, a ação se concentra na chegada de um homem misterioso, que pode ser um profeta, um vigarista, ou o próprio demônio, a uma aldeia húngara onde a chuva não para de cair. Os habitantes do lugar, um elenco de desajustados e enlouquecidos, descobrem em determinado momento que Irimiás, o homem a quem atribuem poderes extraordinários, e dado como morto, está a caminho do lugar com seu companheiro, Petrina. Com uma prosa que o aproxima de nomes como Beckett, Walser, Kafka e Faulkner, Krasznahorkai nos conduz por um lento fluxo de lava modernista, como se entrássemos e saíssemos de becos escuros e impossíveis.
Também publicou os romances The Melancholy of Resistance (1989), War and War (1999) e Destruction and Sorrow beneath the Heavens (2004), entre outros. Sua literatura, que desafia os limites do romance tradicional e exige do leitor uma entrega total, foi aclamada por escritores como Susan Sontag (“o mestre húngaro do apocalipse”), Colm Tóibín (“um dos artistas mais misteriosos em atividade”), James Wood (“profundamente inquietante”) e Imré Kertész (“suas longas e sinuosas frases me encantam”).
No começo de 2026, publicaremos O RETORNO DO BARÃO WENCKHEIM, num trabalho impressionante de tradução da professora Zsuzsanna Spiry. O romance conta a história do barão Béla Wenckheim, que retorna, no fim da vida, à sua cidade natal no interior da Hungria. A editora também publicará HERSCHT 07769, romance monumental de mais de 400 páginas escrito em uma só frase.
A Companhia das Letras celebra a conquista de László Krasznahorkai, que integra nosso catálogo junto a mais de 30 escritores laureados com o Nobel de literatura.
O prêmio Nobel de literatura faz parte de um conjunto de premiações anuais, idealizadas pelo químico, engenheiro, inventor, empresário e filantropo sueco Alfred Nobel (1833-1896). Desde 1901, anualmente prêmios Nobel de diversas áreas são laureados. Em específico, o prêmio Nobel de literatura é administrado e fiscalizado pela Fundação Alfred Nobel (fundada em 1900), mas têm seus nomes escolhidos pela Academia Sueca. Até então, nenhum autor brasileiro recebeu a condecoração.
Confira outros autores já laureados presentes no catálogo dos selos da Companhia das Letras:
- Rudyard Kipling (1907)
- Thomas Mann (1929)
- Sinclair Lewis (1930)
- Luigi Pirandello (1934)
- T. S. Elliot (1948)
- William Faulkner (1949)
- Boris Pasternak (1958)
- Samuel Beckett (1969)
- Eugenio Montale (1975)
- Saul Bellow (1976)
- Isaac Bashevis Singer (1978)
- Czeslaw Milosz (1980)
- Elias Canetti (1981)
- William Golding (1983)
- Wole Soyinka (1986)
- Joseph Brodsky (1987)
- Naguib Mahfouz (1988)
- Nadine Gordimer (1991)
- Toni Morrison (1993)
- Kenzaburo Oe (1994)
- Seamus Heaney (1995)
- Wislawa Szymborska (1996)
- José Saramago (1998)
- V. S. Naipaul (2001)
- Imre Kertész (2002)
- J. M. Coetzee (2003)
- Orhan Pamuk (2006)
- Doris Lessing (2007)
- Herta Müller (2009)
- Mario Vargas Llosa (2010)
- Mo Yan (2012)
- Alice Munro (2013)
- Svetlana Aleksievich (2015)
- Bob Dylan (2016)
- Kazuo Ishiguro (2017)
- Louise Glück (2020)
- Abdulrazak Gurnah (2021)
- Jon Fosse (2023)
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