
Jon Agee e seus livros ilustrados cheios de humor
Em entrevista ao Blog, o autor norte-americano fala sobre os tipos de histórias e personagens que cria, e o livro ilustrado como formato ideal para eles
Jon Agee cria livros que invocam a perspectiva infantil, driblando o senso comum rumo ao fantástico. Esse nonsense todo próprio é referência para outros autores, como o argentino Joaquín Camp, também adepto de narrativas que extrapolam o real e surpreendem. Em seu mais recente livro, Meu pai é uma árvore (Pequena Zahar, 2025), uma menina convida o pai a se juntar a ela no jardim fingindo ser árvore. A ideia era poder passar o dia todo fora - como vivem as árvores. Surpreendentemente, o pai acaba mostrando um talento natural para ser árvore...
O pai não achou que se sairia tão bem assim como árvore... Ilustração de 'Meu pai é uma árvore' (Pequena Zahar, 2025)
Autor e cartunista, Jon Agee disse em uma entrevista concedida em 2022 ao Blog Letrinhas: “Eu provavelmente gravito em torno de histórias desse tipo, histórias que debocham de maneira gentil de convenções e pontos de vista muito estáticos. O livro ilustrado, aliás, é o formato ideal para isso por conta da relação dinâmica entre palavras e imagens.” Abaixo, você conhece todos os livros dele publicados pelo grupo Companhia das Letras e, assim, um pouco do que toda a sua obra representa:
LEIA MAIS: Jon Agee e seus livros ilustrados cheios de humor
Dizem que um lado do livro é perigoso. Por isso há um muro no meio do livro. E por isso também é que o pequeno cavaleiro quer se manter do oooutro lado, para ficar a salvo. Mas e se nem tudo for o que parece? Neste livro, vemos os perigos se aproximando do pequeno cavaleiro, que demora a perceber o que está acontecendo, e descobrimos que a gentileza às vezes pode surgir dos lugares mais improváveis…
O astronauta aterrissa em Marte com uma certeza: há vida ali. Ele começa a percorrer o inóspito planeta cheio de convicção, mas depois de quilômetros e quilômetros, não encontra nada… Mas o leitor encontra! Finalmente o astronauta acha o que estava buscando: sim, uma flor em Marte! Sim, havia vida ali. Então, ele se prepara para regressar com a prova que precisava. Mas a história ainda não acabou…Uma narrativa que atiça a curiosidade e ainda tem um plot twist de-li-ci-o-so.
Uma garotinha vai ao abrigo de animais porque quer adotar um cachorro. Só que o homem que a recebe oferece todo tipo de bicho para tomar o lugar do cão desejado: uma serpente, um tamanduá, um filhote de babuíno… e menina vai dizendo “não, não e não!” a todos eles. Ela sabe bem o que quer: ela quer um cachorro! Na divertida dinâmica que se instaura, há uma inversão de papéis: o adulto é que assume a fantasia e se deixa levar pelo absurdo, enquanto a menina se mostra prática e se apega ao racional. Mas no fim, não é que o homem tinha um pouco de razão?
Um desconhecido pintor cheia de ousadia se inscreve para participar de um grande salão de arte. E é assim que o quadro de um pato ganha um lugar para chamar de seu no Palácio Real de Paris. A princípio, os críticos arrancam os cabelos porque não entendem como foi que aquele quadro foi parar em um lugar de tanto prestígio. Mas tudo muda quando o pato - e outras obras do pintor - ganham vida. Brincando com as fronteiras entre o real e o imaginário para definir o que faz de uma obra de arte uma obra de arte, eis um livro bem humorado, que evoca reflexões profundas com leveza.
LEIA MAIS: Afinal, o que é arte?
“Vamos lá,
papai, vamos
ser árvores!
Faça de conta
que seus braços
são galhos, seu
corpo é o tronco,
suas pernas são
raízes, e então
fique parado no
mesmo lugar.”
Esse é o convite de Madalena para o pai. Ele, então, se coloca imóvel, de pé, com os braços abertos. Mas o que era para durar só um minuto, acaba se estendendo. Primeiro uma corujinha pousa no braço dele e se aninha. Depois um sabiá-laranjeira faz um ninho em cima da cabeça do pai… e mais bichos vão chegando. E assim, o homem descobre que pode ser uma árvore muito boa…
Em entrevista ao Blog, o autor norte-americano fala sobre os tipos de histórias e personagens que cria, e o livro ilustrado como formato ideal para eles
Arte não é coisa só de museu: está nas ruas, em objetos cotidianos. Pode ser divertida e contribuir com o desenvolvimento das crianças - e o livro ilustrado tem papel nesse contato
A ironia pode ser um instrumento de aprendizado de linguagem para crianças, e a literatura pode ajudar nisso. Confira o que dizem especialistas em desenvolvimento infantil