Não, mãe não é tudo igual.
Nem muda só o endereço.
Toda mãe é única e se relaciona com cada filho de uma forma diferente. Há muitas e muitas formas de maternar - e nenhuma delas faz de uma mãe menos mãe. Fizemos uma seleção de livros que falam do maternar em diferentes formas: às vezes com pura entrega e aconchego, às vezes mostrando a importância de lutar pelos próprios sonhos além da maternidade, às vezes sendo pura força. Mães da literatura que ultrapassam a ficção e podem, também, contar as histórias de mães reais:
Mãe que é colo e afeto
Berço, balanço, colinho, neném (Brinque-Book, 2025), de Tieza Tissi e Rafaela Deiab, com ilustrações de Clara Gavilan

O amor se imprime nos pequenos cuidados do dia a dia. E ainda que um bebê não se lembre desses primeiros anos, acredite: ele sente. Neste livro cheio de ilustrações coloridas e com muito afeto, acompanhamos pelo olhar do bebê um dia comum. Os detalhes imprimem o cuidado em cada canto, na rotina onde não falta colinho e balanço.
Macaco danado (Brinque-Book, 1999) de Julia Donaldson com ilustrações de Axel Scheffler e tradução de Gilda de Aquino

Um macaquinho procura pela mãe, com a ajuda de uma borboleta. Mas que difícil é encontrá-la! A mamãe macaca tem um rabo comprido… mas não como a cobra. Salta, mas não como o sapo. É maior que o macaquinho, mas não tão grande como o elefante. Vive no topo das árvores, mas não é arara. A confusão se dá na tentativa de descrever a mãe… afinal, o macaquinho não tinha falado o principal: sua mãe se parecia com ele!
Qual é a cor do amor? (Brinque-Book, 2025), de Linda Strachan com ilustrações de David Wojtowycz e tradução de Gilda de Aquino

O elefantinho quer saber: qual é a cor do amor? Ele sai perguntando a cada animal que encontra - do macaco ao tigre, do leão ao sapo. Mas cada um responde uma coisa. No final, ele encontra a resposta que tanto queria ao perguntar para aquela que sempre sabe das coisas: a mamãe elefante!
A casa dos beijinhos (Companhia das Letrinhas, 2024), de Claudia Bielinsky com tradução de Amelinha Nogueira

O ursinho está em busca de beijinhos. E procura em todo canto… Mas só encontra beijinhos que não eram exatamente o que ele estava esperando. Adivinha só de quem é o melhor beijinho que há... Um livro com rimas fáceis e abas que despertam a curiosidade dos leitores pequeninos e deixam a leitura mais divertida.
Laila e Jasmim (Escarlate, 2024), de Guilherme Semionato

Laila e Jasmim são melhores amigas. E passam juntas por uma fase desafiadora e cheia de dúvidas: a adolescência. As mães das duas são muito presentes, especialmente Margarida, mãe de Jasmim. São figuras sempre dispostas a ouvir, que acolhem sem sufocar, dando asas às meninas. É Margarida quem, em um momento de insegurança da filha, toma a iniciativa que vai mudar o curso dos acontecimentos; suavemente, ela empurra Jasmim pra fora do ninho, mas sem negar acolhida.
Mãe que é pura potência
Bateção (Pequena Zahar, 2025), de Josias Marinho

O autor se inspira nas memórias que guarda da mãe para nos conduzir pelo rio em uma jornada poética, testemunhando o fenômeno da bateção, quando pássaros mergulham nas águas para se alimentar. Nós, como leitores, também mergulhamos no Brasil dos quilombolas, do rio como centro de uma vida inteira, da reverência à natureza e das tradições que vão passando de mãe para filhos.
Azul Haiti (Companhia das Letrinhas, 2025), de Paty Wolff

Pelos olhos do filho é retratada a jornada de migração de uma mãe. A história de uma família que sai do Haiti e chega ao Brasil para firmar raízes é o retrato da vida de muitas mães e muitos filhos em várias partes do mundo. A criança, que nasceu em terras tupiniquins mas também carrega em si uma parte da pátria que ficou para trás, olha para mãe e vê nela a coragem e as lágrimas que fazem parte de todo grande recomeço.
Mamãe zangada (Companhias das Letrinhas, 2025), de Jutta Bauer, com tradução de Sofia Mariutti

Que mãe nunca perdeu a calma? Aconteceu até com mamãe pinguim. Ela gritou tanto que o pequeno pinguim se despedaçou em pleno ar - e cada parte dele foi parar em um canto diferente. Um clássico, que nos faz sentir um aperto no peito, mas também o alívio de saber que não há nada mais humano do que ensinar aos filhos que nem as mães são perfeitas.
A melhor mãe do mundo (Companhia das Letrinhas, 2022), de Nina Rizzi com ilustrações de Veridiana Scarpelli

A criança nos fala da mãe como uma figura que está sempre perto - mesmo distante. Uma mãe que sempre fez de tudo pelo filho e pelos outros - embora aos olhos da sociedade esteja muito longe do que se espera de uma mãe. Uma obra em que as imagens vão revelando o que as palavras não dizem, tecendo uma narrativa surpreendente, sensível e tão, tão real.
Uma carta para o pirata (Companhia das Letrinhas, 2022), de Mari Bigio com ilustrações de Rodrigo Chedid

Você já ouviu falar de um pirata que não sabe nadar? Pois o desta história não sabe, mesmo sendo o capitão do navio. De uma hora para outra, ele decide dar uma virada: manda vir um professor de natação, deixa para trás as paixões pelas sereias e a pirataria… O incentivo por trás da mudança só poderia ser ela: a mãe do capitão. Uma obra que faz parte da Coleção Canoa, que oferece literatura de qualidade a preços acessíveis, e que reforça o que todo mundo já sabe: a mãe tem sempre razão!
Mãe suficientemente boa
Onde vivem os monstros (Companhias das Letrinhas, 2023), de Maurice Sendak com tradução de Heloisa Jahn

Quando Max colocou sua fantasia de lobo e saiu pela casa fazendo bagunça, a mãe perdeu a paciência e chamou o filho de ‘Monstro’. “Oras, isso não é algo que as mães deveriam fazer”, você pode pensar. Sim, mas às vezes fazem. Nesta história, a mãe ainda manda o menino para o quarto sem jantar - e é assim que tem início uma jornada selvagem de autoconhecimento, que explora os sentimentos, medos e vontades que dão contornos à infância. Um clássico que marcou gerações e que acaba com um jantar - ainda quentinho - esperando por Max.
Quando você sai (Pequena Zahar, 2024), de Gastón Hauviller com tradução de Ana Tavares

Nesta narrativa ricamente ilustrada, a vivência de uma criança que sente a ausência da mãe ganha contornos fantásticos. Quando ela sai, embora o texto diga que nada acontece, o universo doméstico é tomado por selvageria e descontrole, em uma alegoria poética do que é capaz de despertar a ansiedade da separação. Um livro para todas as crianças que sentem falta da mãe e para todas as mães que sabem como a falta também é necessária.
O lenço de cetim da mamãe (Companhia das Letrinhas, 2024), de Chimamanda Ngozi Adichie com ilustrações de Joelle Avelino e tradução de Nina Rizzi

Quando a mãe sai de casa, ela deixa com a filha o seu lenço. Nas culturas africanas, esse item não é só um adereço, é símbolo da ancestralidade, faz parte do autocuidado com os cabelos e carrega muitas muitas histórias. Enquanto a menina brinca com o lenço, explorando diferentes possibilidades, celebra o afeto que passa de tantas mães para tantas filhas.
A mamãe do pintinho (Companhia das Letrinhas, 2023), de Heena Baek, com tradução de Ara Cultural

Amor é construção. Até mesmo o amor de mãe. Na contramão de um amor automático e avassalador, a gata Inhá inesperadamente “dá a luz” a um pintinho. Justo ela, acostumada a se deliciar com ovos e infernizar as galinhas. Enternecida por aquela cabecinha macia, Nhiá, antes “egoísta, gorda e faminta”, agora se vê rendida a esse sentimento estranho de aprender a querer e cuidar.
Mãe que está perto mesmo longe
Amanhã (Pequena Zahar, 2022), de Lúcia Hiratsuka

Mães transmitem a nós muito mais do que nossos traços físicos. “Amanhã tem escola?” Partindo de uma mesma pergunta, três meninas traçam diferentes caminhos no tempo e no espaço com um destino comum, mostrando como diferentes gerações permanecem conectadas.
Liz sem medo (Escarlate, 2024), de Martha Batalha com ilustrações de Joana Penna

Quando Liz perde a mãe subitamente, ela vê sua vida mudar por completo. A família troca o apartamento na cidade pela casa de uma avó, que é quase uma desconhecida, praticamente no meio do mato. Mas a menina encontra em sua imaginação e nas lições deixadas por sua mãe uma verdadeira fortaleza.

O 10º volume da saga do herói meio homem, meio cão toca em temas profundos. O poder e a influência da mãe entram em foco na visita ao passado do gato Pepê. agora um ex-vilão, que foi abandonado pelo pai, mas pode se abastecer do amor da mãe. Um sentimento que continuou ecoando mesmo depois que ela se foi. O luto e a forma como ele pode ser elaborado também são temas complexos, tratados de forma acessível e delicada para as crianças.
Mãe que não abre mão de buscar a felicidade
Você se lembra? (Pequena Zahar, 2025), de Sydney Smith com tradução de Paula Marconi de Lima

Um menino e sua mãe são cúmplices de lembranças. Aconchegados, juntinhos, eles vão recordando memórias que parecem agora pertencer a uma outra vida, muito distantes. Agora são só os dois. O exercício de lembrar invoca saudade, alegria e dor, mas acima de tudo, fortalece o invisível que une para sempre mãe e filho.
Lá e aqui (Pequena Zahar, 2015), de Odilon Moraes e Carolina Moreyra

Quando uma casa vira duas, tudo muda para a família. Em um livro ilustrado icônico, o divórcio é tratado com sensibilidade, não como o fim de uma família, mas como uma oportunidade de inventar um novo lar. Um livro para falar da dor que muitas vezes acompanha a vontade de ser feliz outra vez.
Almoço de família (Companhia das Letrinhas, 2023), de Janaina Tokitaka

É à mesa que testemunhamos o crescimento da pequena Maya. Ela, pouco a pouco, vai mudando de prato favorito, conforme vai mudando seu paladar. E sua família, conforme passa o tempo, vai mudando também - mas nunca deixa de ser família. Um livro para pensar como a maternidade é permanente e como as mães continuam sendo sujeitos além dos filhos.
Mãe que é gente como a gente
Mamãe está cansada (Companhia das Letrinhas, 2023), de Vanessa Barbara com ilustrações de Laura Trochmann

Na volta da escola, a mãe está cansada. Mas a menina está cheia, CHEIA de energia. Soa familiar? A pequena perambula pela casa com mil ideias de brincadeiras - quase todas envolvendo um bocado de bagunça. Mas como a mãe vai entrar na brincadeira? Um livro para todas as mães tão cansadas que sentem que há dias em que não há muito a oferecer.
Quando a mamãe virou um monstro (Brinque-Book, 2002), de Joanna Harrison com tradução de Gilda de Aquino

Bastou um telefonema para que a mamãe ficasse diferente: os primos avisaram que estavam vindo para comer. Imediatamente, a mãe começou a botar tudo em ordem… enquanto as crianças bagunçaram o quarto inteiro. E aí, as coisas foram só ficando mais tenebrosas: as crianças tentam brincar, mas só causam mais desordem. E a mãe, cada vez mais irritada, e vai ganhando traços de monstro - mãos, juba, focinho…. A história, narrada pelo ponto de vista ingênuo das crianças, traz leveza a uma realidade que todas as mães conhecem: a sobrecarga.