Odilon Moraes e Carolina Moreyra: parceria no livro ilustrado e na vida
No lançamento de "Lá longe", Odilon Moraes e Carolina Moreyra falam sobre a linguagem no livro ilustrado e a parceria dentro e fora da literatura
 
Em muitos momentos, a ação também é contada pelo texto e ilustra simultaneamente, um complementando o outro.
Outro exemplo?
Neste O Urso Sonolento, de Nick Bland, as imagens contradizem parte do texto, revelando ao leitor as intenções da raposa, antes mesmo que o urso as perceba.
Isso transforma o sentido da narrativa, coloca o leitor como cúmplice da raposa e, ao mesmo tempo, como alguém que torce para o urso descobrir logo o que está acontecendo.
É muito mais divertido e irreverente! Sem contar que leva o pequeno para dentro da história e faz com que ele sinta que consegue antecipar a narrativa.
Mais um?
Na obra O ratinho, o morango vermelho maduro e o grande urso esfomeado, do casal Don e Audrey Wood, as frases do texto fariam muito menos sentido se não estivessem acompanhadas das ilustrações, como abaixo:
Um livro em que o texto conta a história e as ilustrações só dão uma arejada nas palavras também não pode ser chamado de livro ilustrado.
Por exemplo, há muitos livros  com ilustras, mas cuja leitura pode ser feita mesmo sem as imagens...
Aí, nesse caso, é um livro com ilustrações, mas não um livro ilustrado! ;-)
Livro "infantil" não precisa ensinar nada, nem ser didático. Pelo contrário.
A escritora Marina Colasanti nos conta que a boa literatura para crianças -- assim como a boa literatura em geral -- não é aquela preocupada em "ensinar". Diz ela:
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"Os livros 'finalistas' [aqueles que têm uma 'finalidade' que não apenas a fruição artística] são pobres porque não exigem a participação do leitor: por sua própria natureza, são pratos feitos que apresentam, de maneira necessariamente óbvia, uma única idéia. E são questionáveis porque os princípios morais que defendem nem sempre são universais, e, frequentemente, são passageiros".
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As crianças têm uma forma mais holística de se relacionar com o mundo: corpo, movimento, intelecto, sentidos: tudo junto "descobre" o mundo com elas.
Daí que os livros ilustrados, suas imagens -- que evocam muitos sentidos -- e suas metáforas são ótimos companheiros de descoberta na infância.
Quem melhor que as crianças para fazer as perguntas mais incômodas e profundas? Por que o livro imagem seria raso e didatizante?
Os livros ilustrados, com suas muitas camadas, tocam adultos também. Há sempre uma boa surpresa numa boa obra desse tipo para o mediador de leitura com mais anos na bagagem!
 
     
              No lançamento de "Lá longe", Odilon Moraes e Carolina Moreyra falam sobre a linguagem no livro ilustrado e a parceria dentro e fora da literatura
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